sábado, 7 de novembro de 2009

Um, depois o Outro.

Teria o avisado se não tivesse com tanta pressa em sair deste adorável lugar, cheio de alvores magníficos, quase um paraíso, pouco menos pelo humor que desprende a imagem do abismo de tédio ao longo tempo em todos que aqui habita. Depende muito, de como aprecia a cada dia, o dia. E certamente, da ligeireza desnecessária de se aproveitar e amar tudo nas pressas, na certeza do fim a qualquer esquina. Se houver de aproveitar e sentir lentamente, acabará em prazer continuo onde o tempo da chegada do tédio será a milhas, um fim inimaginável. Talvez não chegue, tenha sorte de morrer antes.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Fora uma vez, uma pedra.

Caiu uma maldição sobre mim feita pela humanidade, antes pedra agora sentimento, antes pedra agora sou coração. Eles me ensinaram a amar, me disseram ‘tenha piedade’. Ensinaram-me também a chorar, mas não a parar. Também a mentir e aos poucos vou me aperfeiçoando a eles, porém não me ensinaram tudo, não me ensinaram a se conformar, ser paciente, ser benevolente apesar de todas as tempestades feitas ao se amar. Não me ensinaram a ser forte o bastante as perdas. Não me disseram que poderia eu, me tornar esse monstro desprezível do contrario, cheio de rancor e infindavelmente narcisista, malévola, até a mim mesma. Que poderia me ferir tanto e quando percebi isso já era tarde demais, caminho dado sem volta, para onde eu iria? A comunidade das pedras? Elas já não me aceitam por eu estar contaminada pelos sentimentos humanos, tornei-me muito frágil.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Inércia do tempo

Dois a jogar, juntos e um solitário a procura de ganhar, o zerar, o sucesso. Apenas três horas e mais a frente teria tudo pelo qual desejo desesperadamente, algo pelo qual me faz chorar mimadamente e transbordar olhares de raiva. Raiva por estar tão enraizada aqui. Ponto final. ‘Espere mais um pouco, o tempo passa rápido’ menos para quem conta este de minuto em minuto, eliminando um dia, esperando o próximo, tão convicto de que o fim dessa trilha para outra ‘está próximo’ e assim os anos resmungam por minhas reclamações sobre a ‘inércia do tempo’ e aumentam a minha espera. Infeliz. Como uma tortura para mim, andando sobre uma linha invisível sem medo aparente ‘exterior’ nada em minha expressão. Meu Medo acumula-se no mais sombrio lado de meu espírito, comandado por sentidos severos vivendo contra meus desejos intensos. Sentido, não há sentido. O sentido está em não ter sentido, talvez devesse ficar aqui na calmaria a admirar os finais de tarde e a dança dos ventos por entre as arvores. Puro, muito puro. Toca-me a alma, porém preciso de algo a mais. Todos nós precisamos e infelizmente o monte que se tem aqui não me procura satisfazer. Alguém me espera, não pode vir, então irei até lá. Há uma parte de mim que se encontra lá, onde quer que esteja, tenho que buscá-la e possuí-la como por direito. Como se eu a procura do prazer de me ter por completa.

domingo, 1 de novembro de 2009